Quem sou eu? Eu sou eu? Eu sou muito mais do que só eu.
Sou todas as partes de mim, as que gosto e as que às vezes prefiro ignorar.
Também sou todos os que vieram antes de mim e que me habitam. Os que gosto e os que preferia que pertencessem a outra história, a outra família. Todos coabitam em mim. Todos pertencem ao todo que eu sou. Negar essas partes seria o mesmo que cortar parte do meu corpo, que faz de mim quem sou. Negar essas partes, por mais difíceis que possam ser, seria apagar bocados de mim, fragmentar-me.
Depois de um recolhimento voluntário, vim uns dias até ao Alentejo para estar em família. Estou na casa dos meus avós maternos. Numa aldeia muito pequena, rodeada de campo. Passei aqui os meses de quarentena com a minha família.
Esta casa já sofreu várias alterações ao longo dos anos: obras, mudanças, partilhas, transformações. Já não é a casa da minha avó, da minha infância, … mas ainda é. Nas últimas obras, feitas recentemente, ficou visível uma parte da parede original. Os meus pais decidiram deixar essa parte da parede à mostra. Como um quadro. Para mim é como se fosse uma janela, uma janela para a nossa história. A história da casa, que é também a história na nossa família.
Em cada bocado daquela parede, a visível e a invisível, escondida por trás das novas paredes, está escrita a história de uma parte da minha família, uma parte de quem eu sou.
Gosto de olhar para essa janela, como gosto de perguntar e ouvir dos meus pais as histórias antigas que têm para nos contar.
O que sabes sobre os teus antepassados?
Imagina que cada pessoa é como uma flecha. Quanto mais atrás se estica a corda do arco, mais longe a seta irá. Da mesma forma, quanto mais atrás vamos à procura dos nossos ancestrais, maior é o conhecimento de onde vimos, de quem somos e para onde vamos. Maior é, então, o impulso dado por todos os que estiveram antes de nós, que nos ajudam a chegar mais longe, para alcançar o nosso futuro certo, o nosso caminho verdadeiro, aquele que nos faz sentido, onde encontramos quem somos.
Ao contemplar essa janela na parede, honro agora todos os meus antepassados, que com as suas histórias, dificuldades, dores, sonhos, fé, e sobretudo o seu amor, me trouxeram até aqui, depositando as suas esperanças de que eu possa fazer a minha parte neste todo, e continuar a trajectória, até o mais longe possível.
Quão atrás consegues ir na tua história? Passas essa herança da história familiar aos teus filhos?
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Ana says
Lindo ❤️
Eu também adoro ouvir as histórias dos antepassados. Sempre adorei.
Desde pequena que, quando ouvia uma história tentava encontrar semelhanças nas atitudes, nas experiências e rever-me nas histórias.
Eugénia says
Isso é história gravada em nós! 🙏😘